sábado, 4 de junho de 2011

O meu piolho tem piolhos?!?

Pois é, acontece em qualquer altura. Nas creches e escolas há sempre uns alertas quando surgem casos de piolhos porque eles são bastante fáceis de partilhar. E de cada vez que isto acontece lá vem a notinha para casa com a informação toda, referindo que não é motivo para vergonhas, uma vez que o piolho não tem consciência social, ou seja, gosta tanto do cabelo do pobre como do rico, e também não descrimina a falta de higiene.
Infelizmente os asseados são tão vítima deles quanto os sebosos, e é assim a vida.
Conhecer o inimigo!
Os piolhos (pediculus humanus capitis) são insectos mínimos (2,5mm), de cor castanho-acinzentada e de 6 patas que vivem nos cabelos. E além de tudo, eles não são mesmo esquisitos: cabeças louras, morenas, ruivas, marcha tudo! E também qualquer tipo de cabelo. Tudo o que eles querem é um local quentinho para largar os ovos. E isto dito assim parece que mais não é que uma mãe preocupada com o porvir da sua prole...
Os seus ovos são creme claro e encontram-se muito bem agarrados aos fios de cabelo, um pouco afastados do couro-cabeludo. Quando os ovos eclodem os piolhitos saem da casca, mas ela persiste e é conhecida por lêndea. Agora esta casca esbranquiçada parece a caspa do inferno. Como está colada, é muito difícil livrarmo-nos dela, não bastando para tal aquele toquezinho com as costas da mão à Head and Shoulders.
Os piolhos obtém o seu alimento a morder-nos o couro-cabeludo e a sugar-nos o sangue. Podem chegar a morder-nos mil vezes por dia (e ainda falam dos morcegos... estes insectos são verdadeiros vampiros).


Grupos de risco
De uma forma geral, todos nós, mas em particular círculos onde se concentrem muitas pessoas, a saber: escolas, transportes públicos e todos os espaços onde estes bicharocos possam andar de cabeça em cabeça como quem passeia tranquilamente pela floresta... e não pensem que eles se fazem rogados se a próxima cabeça não se encontra ali mesmo mesmo ao lado. E porquê? Porque eles saltam. E depois de escolherem a feliz contemplado que lhes vai servir de nova morada, a eles e a toda a sua prole, é difícil catá-los porque são rápidos na corrida para se esconderem (verdadeiros bichos olímpicos!). Na verdade, se alguém está livre deles são os carecas uma vez que não apreciam a luz e quanto mais farta for a melena mais apetecível é a cabeça (ponto para os calvos!). E o pior é que largam saliva e fezes com fartura que com o tempo podem causar uma comichão sem fim. À medida que nos formos coçando, estes dejectos podem causar sérias alergias. E não nos podemos fiar neste sintoma porque só se faz sentir algum tempo (1 a 2 meses depois) de termos sido invadidos.

Ordem de despejo!
Para nos vermos livres destes persistentes bichos aqui deixo alguns conselhos que podem seguir:
  1. Em caso de alerta é conveniente catarmos a cabeça de todos os membros da família, tendo especial atenção às zonas atrás das orelhas, na linha do pescoço e outros sítios menos óbvios. Já que é mais difícil encontrar o verdadeiro piolho, dadas as suas habilidades desportivas na corrida e salto em comprimento, é mais fácil procurar os seus ovos, que estão colados aos cabelos a pouca distância do couro-cabeludo. Também podemos esfregar a cabeça com vigor quando tomamos banho para nos livrarmos de uns quantos (esta também é outra forma de detectar a sua presença,quando os vemos a boiar na banheira).
  2. É conveniente escovar o cabelo com alguma energia, já que o piolho não se encontra agarrado à cabeça, embora os ovos não se soltem com essa facilidade. Mesmo assim, vai ajudar a combater a presença deste amigo de Peniche (que me desculpe a malta do Oeste).
  3. Usar um pente de metal com os dentes fininhos e juntinhos para pentear o cabelo frequentemente (por dia) e ter sempre o cuidado de pentear por camadas, de forma a garantir que cobrimos a cabeça toda e que não se vão escapando para a parte que já vimos.
E agora as receitas, particularmente para crianças...

  • Num livrinho que se tem provado muito útil, mas cuja autoria desconheço (o nome é Tratamento com Plantas de Afecções Comuns em Bebés e Crianças) da Berço de Marfim (www.bercodemarfim.blogspot.com) está:
  1. Ir colocando no pente de metal umas gotas de óleo essencial de árvore-de-chá e pentear a cabeça uma vez por dia até o piolho não resistir. Em alternativa sugiro diluir uma gotas deste óleo essencial num óleo base (por exemplo amêndoas doces ou azeite na proporção de 1 gota para 10ml de óleo base) e esfregar bem a cabeça e cabelo com esta mistura antes de dormir. Sugiro também colocar uma touca de banho ou toalha na cabeça. De manhã voltar a lavar o cabelo.
  2. Juntar 5 ml de óleo essencial de tomilho e outros tantos de árvore-de-chá a 25ml de shampô normal e lavar a cabeça 2 a 3 vezes por semana.
  3. Depois do cabelo lavado, aplicar uma mistura de 5ml de óleo essencial de árvore-de-chá e 1ml de óleo essencial de limão em 500ml de água. Repetir este procedimento todos os dias até as lêndeas desaparecerem.
  4. Misturar 75ml de qualquer óleo vegetal, 25 gotas de óleo essencial de árvore-de-chá ou eucalipto e 25 gotas de óleo essencial de alfazema. Aplicar no cabelo molhado massajando bem atrás das orelhas e nuca (já vimos que são os sítios preferenciais para pôr o ovinho). Deixar actuar durante uma hora e depois lavar com shampô. Repetir mais 2 vezes com 3 dias de intervalo entre os tratamentos.  

  • Em The Fragant Pharmacy Valerie Ann Worwood sugere:

  1. Juntar 2 gotas da seguinte mistura à água de enxaguar a cabeça a seguir ao shampô: partes iguais de óleo essencial de alecrim, alfazema e limão.
  2. Derreter 25gr de cera de abelha em banho-maria juntamente com óleo de rícino. Tirar do lume, deixar arrefecer um pouco e acrescentar uma mistura de 27 gotas de cada um dos seguintes óleos essenciais: alecrim, geranio e alfazema. Deixar arrefecer por completo enquanto mexe, até formar um creme. Aplicar à noite antes de dormir seguindo o indicado no ponto 1.
  3. Usar uma mistura de 20 gotas de óleo essencial de camomila germânica, 10 de alfazema e 5 de limão. Misturar com 35ml de óleo base ou então fazer um creme idêntico ao do ponto 3. Aplicar à noite antes de dormir ou misturar na água de enxaguar o cabelo depois do shampô. Esta receita é particularmente aconselhada quando a criança já desenvolveu inflamações no couro cabeludo.

  • Já o tio James (Grow your own drugs – A year with James Wong) sugere:
  1. Misturar todos os ingredientes num frasco de vidro e agitar muito muito bem. Aplicar sobre o cabelo seco, penteando meticulosamente e esfregando bem no couro-cabeludo. Deixar durante a noite ou por quanto tempo se desejar. Mas CUIDADO, não usar em crianças com menos de 2 anos.
    • 60ml de vinagre de cidra 
    • 20ml de tintura de quassia*
    • 3 gotas de óleo essencial de alecrim
    • 3 gotas de óleo essencial de alfazema
    • 3 gotas de óleo essencial de eucalipto
    • 3 gotas de óleo essencial de árvore-de-chá
    • 1 gota de óleo essencial de anis

    Diz o tio James que este tratamento não é gorduroso e portanto não é preciso lavar com shampô logo de seguida. Aplicar o tratamento a cada 2 dias ou até os bicharocos desaparecerem por completo.

      Podem fazer o preparado e deixá-lo no frigorífico por 1 ano. A vantagem desta receita é que, ao contrário de muitos produtos no mercado, não mata só os piolhos adultos, mas consegue penetrar a casca dos ovos e matar os insectos antes de chocarem.

      *Para fazerem a tintura misturar a planta da nossa escolha com uma base alcoólica (vodka por exemplo) numa proporção normalmente de 1 parte planta para 5 partes alcool. É importante que todas as plantas fiquem cobertas pelo líquido. Colocar num local escuro e seco por 2 a 4 semanas e ir abanando de vez em quando. Retirar o líquido e as plantas (cuidado com a luz do sol!) espremer bem as plantas para retirar todo o líquido que está a ensopá-las e guardar em frascos escuros longe da luz.

      E pronto, assim declaro GUERRA AO PIOLHO!!!